quarta-feira, 6 de abril de 2011

Falando de nós.

Eu era a garota timida, modéstia à parte, muito paquerada naquele ambiente (td bem que lá não tinha mta gente bonita, mas tenho minhas qualidades). Fui notada por você. Não me interessei a principio. Gostava de dançar, saia todos os finais de semana, não bebia, não amava, não fazia amor. Aceitei seu convite para o cinema mesmo sem o menor interesse (amoroso) por vc. Aceitei pq queria companhia, queria conhecer. Com o tempo, fui gostando do seu jeito de me tratar, da forma como me dava atenção, das palavras bonitas que me dizia. Mas começei a destestar como mentia pra mim. Sim, mentia sobre sua familia, sua casa, sua condição de vida. Pronto. Me apaixonei por alguém que não existia, não existiu e nunca vai existir. Mas me contentei com a carcaça do homem dos meus sonhos. As mentiras foram crescendo junto com o amor, com a dedicação que ele tinha por mim. O amor era grande, mas as mentiras eram maiores. Doença? Prefiro crer que sim. O tempo foi passando, declarações de amor eterno, de única em sua vida e eu começando a amar a carcaça com tudo que havia nela, não mais o ilusório. Foi se tornando indispensável. Aos pouco fui deixando de sair aos finais de semana, deixando de dançar, começando a beber, a chorar mais, sorrir mais e a beber mais. Sofria com as mentiras, com as ligações não atendidas, com o celular desligado na noite de sexta ou sábado, com os trabalhos de madrugada, com as viagens à trabalho e com as desculpas esfarrapadas que muitas vezes eu precisei acreditar, me esforçava pra acreditar. Mas tinha momentos maravilhosos, eu era muito bem tratada. Mas não consegui aceitar as mentiras e fazia disso uma crise, um Deus-nos-acuda! Viajamos muito, dormimos em muitos moteis, nunca fomos maratonistas na cama, mas era legal, era gostoso poder virar de lado e encaixar os nosso corpos que pareciam ser feitos um para o outro (clichê, eu sei). Era irresponsavel, não sabia administrar seu dinheiro, meio moleque, crianção aos 36. No fundo eu sempre esperei ser surpreendida com as mentiras, sempre achei q ele não era homem de uma mulher só, mas isso era lá no fundo, tão fundo que eu não conseguia (ou não queria) enchergar. Mas ele era tão carinhoso, tão bom, me dava presentes, escrevia cartas, e-mails, ligaçoes diárias. Mas a mentira sempre me deixava com um pé atrás e talvez por isso eu não correspondesse à altura. Queriamos casar, mas ele não tinha responsabilidade suficiente pra isso, eu queria muito, estar cada vez mais ao seu lado, e sentia que ele também, mas eu queria fazer tudo certinho, ele não. O tempo foi passando e o carinho diminuido, a atenção, a vontade de ficar comigo também, e as mentiras aumentando. Eu sofrendo cada vez mais e bebendo cada vez mais. Já não tinha amigos pra desabafar nem amigos, nem coragem, meu relacionamento sempre foi muito invejado, aos outros olhos minha vida era perfeita, eu não tinha coragem de mostrar o contrário. E ele sempre exaltado por todos enquanto eu fazia o papel de fria, de durona e ele o coitado. Pois é, cansei dos rótulos e comecei a mostrar um pouco mais da realidade e as coisas foram se invertendo, com isso ele se afastando mais. Até que chegou o dia que mais uma mentira me abalou. Entre milhares de idas e vindas, entre tanto amor, tanto carinho, tanta demonstração, tanta mentira, fui traída. As doces palavras, os e-mails, as ligações já não eram mais exclusividade minha, era para muitas outras pessoas, ele sempre quis ser aceito, conquistar, enquanto eu sempre quis ser conquistada. Na cama já não estava tão legal, eu nunca compreendi as mentiras, sempre fui fiel, não tinha experiência em relacionamentos. Esses os motivos? Talvez. Não sei se foi a primeira traição, acredito que não, e ele mesmo disse isso e logo depois negou. Não sei. Sei que passei pelos piores momentos da minha vida. Sofri (sofro), chorei muito, bebi, quis morrer, fumei, quis matar, bebi, humilhei, quis vingança, bebi, odiei, amei mais ainda,bebi, viajei, fiquei com outros, menti, fiz loucuras, bebi e agora estou aqui, sofrendo levemente de uma saudade, de um arrependimento de não sei o que. Será que é possível compreender mentiras? Depois de tudo isso ainda esperei imploros de perdão, de arrependimentos, mas não vi arrependimento. Queria motivos pra voltar, pra perdoar, pra ser julgada, pra provar que amei, que sou amada, que sou capaz de perdoar, mas não tive nenhum motivo pra voltar. Perdoar, alguém já disse certa vez " diga-me quem vc mais perdoou e te direis quem vc mais amou" (algo assim). Agora apenas durmo e acordo pensando todos os dias, imaginando qual será o dia do seu arrependimento, quando virá pedir perdão de coração, quando vai perceber que não pode viver sem mim, e como será que vai ser quando esse dia chegar. Não largo o celular, espero o telefone de casa tocar, aguardo suas indiretas de rancor ( pq eu fiquei com outras pessoas depois do nosso termino) no facebook, olha no portão, as traseiras de todos os carros iguais ao seu com a lanterna quebrada. Esperando não sei o que. Quero saber se vc sofre ou apenas sorri, mesmo que meu palpite seja que vc está seguindo, sorrindo, feliz. ~Tirei muitas lições, aprendi muito e agora estou de braços abertos pra vida, para os bons momentos, acho que depois que passei por isso, pelo que eu mais temia, vejo que posso fazer tudo, não me imponho mais limites, aceito todos os convites agradáveis, todas as bebidas, todos os cigarros e todos os amores, enquanto o tempo passa, a vida acontece.
Apesar de tudo isso, não me arrependi de um dia sequer desses 6 anos que passamos juntos. Eu fui amada sim, muito amada.
Agora me resta esperar que o amor e a saudade que sinto desapareçam de vez aqui dentro. É o melhor.

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